Outlive: a arte e a ciência de viver mais e melhor - Resenha crítica - Peter Attia
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Outlive: a arte e a ciência de viver mais e melhor - resenha crítica

Outlive: a arte e a ciência de viver mais e melhor Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Saúde & Dieta

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Outlive

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 

Editora: Intrínseca

Resenha crítica

Os quatro cavaleiros

A morte acontece de duas formas: rapidamente e lentamente. Quando uma pessoa é vítima da violência nas ruas, é o primeiro caso. É o que acontece com frequência nas regiões mais pobres do mundo. O segundo caso é o de pessoas que morrem por doenças vasculares, câncer ou outros problemas crônicos.

Só que, nas mortes lentas, nem mesmo os ricos estão a salvo. No começo do século XX, a expectativa de vida era pequena. A maior parte das pessoas tinha mortes rápidas. A medicina era mais precária. A expectativa de vida estava na casa dos 50 anos. Hoje, as expectativas de vida no mundo são mais longas.

Atualmente, a maior parte das pessoas morre por causas lentas. Normalmente, por um dos “quatro cavaleiros”: doenças cardíacas, câncer, doenças neurodegenerativas ou diabetes e disfunções metabólicas. Para viver bem e chegar à longevidade, é preciso enfrentar os causadores desses quatro problemas.

As duas partes da longevidade

Longevidade não quer dizer vida eterna. Tampouco chegar aos 120 anos. Todos morrerão, isso é uma via de mão única. Também não quer dizer definhar lentamente ao longo dos anos. O personagem Titônio, da mitologia grega, pediu aos deuses a vida eterna. Eles concederam o desejo. Só tem um problema.

Ele esqueceu de pedir juventude eterna. Isso fez com que seu corpo nunca parasse de envelhecer, ainda que ele nunca morresse. Na vida real, longevidade funciona de forma diferente. Ela tem duas partes. A primeira é a sua expectativa cronológica, ou seja, até quantos anos você vive.

A segunda, tão importante quanto, é sua qualidade de vida. Para isso, há o indicador “healthspan”, a expectativa de vida saudável. Esse é o detalhe que faltou no pedido de Titônio. O healthspan mostra nosso tempo de vida sem doenças ou debilidades. 

Só dá para melhorar o futuro se agir agora

A princípio, a ideia do healthspan é o tempo de vida sem doenças. No entanto, esse é um conceito limitado. Uma pessoa de 50 anos de idade pode estar muito mais frágil do que ela própria aos 25, ainda que sem nenhuma doença. Por isso, parte do desafio também é preservar e refinar as capacidades físicas e mentais.

A meia-idade é uma época difícil. Normalmente, começamos a sentir alguns sinais dos anos, enquanto acompanhamos nossos próprios pais pela estrada do envelhecimento. Isso reforça o princípio da longevidade: a única forma de melhorar o futuro é pensando sobre ele agora.

O obstáculo é o fato de que toda a ciência médica se construiu com base na morte rápida. Os médicos são muito bons em tratar fraturas e lesões graves. No entanto, eles têm menos sucesso ao encarar um paciente com câncer, doença cardiovascular ou neurológica. A morte lenta ainda é um desafio.

O exercício é o grande remédio

Os médicos foram treinados para impedir que os pacientes doentes morressem, independentemente da razão. No entanto, no caso dos quatro cavaleiros, a interferência acontece no momento errado. É preciso agir mais cedo, antes das doenças criarem raízes. Aqui, o ditado “é melhor prevenir do que remediar” tem uma poderosa base na ciência medicinal contemporânea.

A medicina não sabe como tratar as doenças crônicas do envelhecimento que devem ser a causa da morte da maior parte das pessoas. Há um erro de timing. Elas devem ser tratadas antes de se entrincheirarem. Intervir antes é o caminho para melhorar a saúde e aumentar a expectativa de vida das pessoas.

O ingrediente mais importante é o exercício físico. Ele é o grande remédio para a longevidade. Não há outra intervenção tão eficiente quanto para aumentar a expectativa de vida e preservar a função física e cognitiva. O problema é que a maior parte das pessoas é sedentária ou não se exercita o suficiente.

A evolução da medicina

O edifício da medicina está calcado nas tradições. A medicina 1.0 se baseava na inferência e na observação direta, imediata. Partia da premissa de que as doenças eram fruto da natureza em vez de castigos dos deuses, como se acreditava na época. Foi fundada por Hipócrates, que depois seria chamado de “pai da medicina”.

No século XIX, surgiu a medicina 2.0. Ela trouxe a teoria microbiana das doenças, que fundou a ideia de “microorganismos causadores de problemas de saúde”. Foi a revolução científica que deu origem aos antibióticos e às medidas sanitárias. Ela acabou com doenças mortais, como varíola e poliomielite.

No entanto, ela é menos bem-sucedida contra doenças crônicas, como o diabetes tipo 2 e o câncer. A medicina 2.0 não progrediu contra os quatro cavaleiros. Os médicos sempre chegam tarde demais. Por isso, precisamos de um novo modo de pensar sobre essas doenças. É a “medicina 3.0”.

A medicina 3.0

Os médicos foram treinados para resolver problemas agudos, não crônicos. Foram formados na era anterior. A “medicina 3.0” tem um papel diferente. Ela não surgiu para receitar remédios e mandar as pessoas para casa. Sua função é a prevenção. A ideia é atuar antes de a doença surgir.

Não devemos achar o melhor remédio para Alzheimer, mas agir antes de ele surgir. As estratégias precisam se adequar às doenças de hoje. A medicina 3.0 dá mais importância para a prevenção do que para o tratamento. Ela olha para cada pessoa como um paciente único. 

O ponto de partida é uma análise franca, com aceitação do risco. Se o foco da medicina 2.0 é evitar a morte, a 3.0 foca muito mais em garantir um bom healthspan, a qualidade de vida. Nela, os médicos levam os hábitos dos pacientes a sério.

As táticas da medicina 3.0

Já passamos da metade do microbook e o autor conta que a diferença fundamental entre a medicina 2.0 e a 3.0 é o “quando”. Se a 2.0 atua só quando algo dá errado, a 3.0 precisa ser incorporada como uma rotina diária. Ela precisa ser usada para vencer o declínio cerebral, corporal e emocional. 

Quando melhoramos o healthspan, também melhoramos a qualidade de vida. A medicina 2.0 tem duas táticas:

  • Procedimentos: é o caso de cirurgias.
  • Medicamentos.

As da medicina 3.0, por sua vez, incluem cinco táticas:

  • Exercício físico.
  • Nutrição.
  • Sono.
  • Saúde mental.
  • Moléculas exógenas: é o caso de remédios, suplementos e hormônios.

As moléculas exógenas são mais importantes do que parece. Muita gente evita substâncias farmacêuticas por não serem “naturais”. Só que há várias drogas, como os medicamentos para reduzir lipídios, que são itens fundamentais no kit da longevidade. 

Tática 1: exercícios físicos

O exercício é o domínio tático mais importante. No entanto, não é qualquer atividade física que resolve o problema. Se você quiser aumentar seu healthspan, precisará trabalhar sua estabilidade, força e poder aeróbico. O objetivo é preservar sua estrutura física, evitar dores e deixar seu corpo longe de debilidades.

O exercício é o remédio mais potente do arsenal da longevidade. Ele não só retarda a morte, mas também protege contra o declínio cognitivo e corporal mais do que qualquer outra coisa. Tendemos a nos sentirmos bem depois dos exercícios, o que também promove um impacto na saúde emocional.

Uma variedade alta de atividades está na categoria de exercícios. No entanto, toda atividade tem seus riscos e benefícios. Por isso, vale ter em mente que há alguns pré-requisitos para que a atividade realmente tenha um efeito no healthspan. Ele precisa trabalhar a força física, a resistência aeróbica e a estabilidade.

Tática 2: alimentação saudável

A nutrição é o segundo domínio tático da longevidade. Não há uma dieta específica universal que funcione para todos. Isso porque os dados científicos mostram que o termo de ordem é “quanto” e não “o que”. O número de calorias é o segredo. O problema é que a nutrição é um assunto mal compreendido pela ciência.

Há uma baixa qualidade de dados científicos, o que faz com que saibamos muito pouco. Isso abre caminho para uma multidão de gurus de nutrição que falam informações de procedência duvidosa. O que a maior parte dos propagadores de opiniões não embasadas esquece é que não há dieta universalmente válida.

Por isso, o autor evita o termo “dieta” e prefere o “bioquímica nutricional” ou “nutrição 3.0”. A ideia é explorar planos alimentares fortemente embasados em ciência e personalizados. Aqui, não é sobre descobrir o que se deve comer, mas o que é eficiente para cada perfil de paciente. 

Tática 3: sono

A medicina ignorou o sono por muito tempo. Só nos últimos anos que o tema começou a receber a atenção que merece. Hoje, sabemos melhor seu papel e os problemas de curto e longo prazo de sua privação. Nada se compara a acordar se sentindo revigorado depois de uma regeneradora noite de sono.

Um sono de qualidade é um dos motores do processo de restauração física, especialmente no cérebro. Um sono de má qualidade dispara um efeito dominó que inclui a resistência a insulina, a deterioração do cérebro e os problemas de saúde mental. A cultura de virar a noite acordado é nociva.

A privação de sono leva desde a suscetibilidade a resfriados até a morte por ataque cardíaco. As disfunções metabólicas, como o diabetes tipo 2, também se relacionam com a insuficiência de tempo dormindo. Um bom sono é fundamental para a função cognitiva, a memória e o bem-estar emocional.

Tática 4: saúde mental

A saúde mental e a física se ligam de formas que a medicina convencional está só começando a entender. No nível mais visível, um ataque emocional pode levar a problemas imediatos, especialmente se há alguma propensão genética. O estresse e a ansiedade têm efeitos no corpo.

Só que a saúde mental afeta a expectativa de vida das pessoas de forma muito mais direta. O suicídio está entre as dez maiores causas de morte em qualquer faixa etária, da adolescência à velhice. No entanto, nem sempre as pessoas entregam a própria vida de forma imediata. Às vezes, as pessoas se suicidam lentamente. 

É o caso do vício em álcool e em drogas, da automedicação e de outros comportamentos perigosos. Abrir mão da vida indiretamente é o que a psicologia chama de “parassuicídio”. Isso é uma emergência de saúde pública. O número de pessoas que morrem de overdose nos Estados Unidos é quase o mesmo número de pessoas que padecem de diabetes.

Tática 5: moléculas exógenas

As moléculas exógenas são o que administramos por fora. É o caso de medicamentos, suplementos e hormônios. Isso é estudado na medicina 2.0. O problema é que as pesquisas são sempre planejadas a curto prazo, sem levar em conta a longevidade e o healthspan.

Não há estudos que orientem uma estratégia de prevenção cardiovascular para uma pessoa saudável de quarenta anos. Isso demandaria tempo e dinheiro demais. O plano B é trabalhar a partir dos dados que já temos. Alguns estudos, ainda imperfeitos e em fase inicial, parecem mostrar que:

  • a rapamicina, uma droga indicada para pessoas que passaram por transplante de órgãos, pode ter o efeito colateral inesperado de adiar o envelhecimento;
  • a metformina, usada para tratar o diabetes, pode ter benefícios potenciais para prolongar a longevidade;
  • medicamentos que diminuem o nível de alguns lipídios no sangue, como os inibidores da proteína PCSK9, podem ter um efeito positivo na prevenção de problemas cardíacos.

Notas finais

O livro de Peter Attia propõe táticas de guerra para garantir a longevidade. Ele alerta para os problemas da medicina contemporânea e advoga a “medicina 3.0”. Seu foco é prevenir as doenças da velhice com um trabalho intenso de intervenção precoce, quando ainda estamos chegando na casa dos 40 anos.

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Quem escreveu o livro?

Peter Attia é um médico canadense. Tem formação pela Escola de Medicina da Universidade Stanford. Fundou uma cl... (Leia mais)

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